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A (pior) Copa das Copas.

por Aline, em 24.07.14

Este post vai ser curto, afinal já passaram mais de duas semanas desde a Grande Humilhação e tanta coisa má já foi feita desde aí que os poucos parágrafos que planeei escrever nunca serão suficientes para cobrir tanta vergonha. 

 

Para começar, três notas: 1) como todo bom brasileiro, não posso com a seleção Argentina com a sua ladainha de que o Maradona é melhor do que o Pelé (só me resta cantar "mil goooools"); 2) como todo bom brasileiro, tenho o sangue misturado e acontece que 3 dos meus 4 avós são netos de alemães; e 3) como todo bom brasileiro, não me prendo muito aos problemas e prefiro ver além, para os lados da solução.

 

Posto isto, é claro que foi pela Alemanha que torci na final do Mundial, e foi com um orgulho quase patriótico que chorei ao cantar o hino germânico no início do jogo - se bem que também por não ter tido a honra de cantar o Hino do Brasil no Maracanã, o nosso estádio do coração -, insultei os jogadores argentinos que se aproximavam demasiado do triunfo, e festejei com os meus "compatriotas" o golo da vitória.

 

A verdade é que estou a cagar para o 7-1 do Brasil. Aquilo não era uma equipa e aquele não foi um jogo digno do nome. Foi um massacre merecido e fruto de uma gestão medíocre que mesmo depois da humilhação continua a agir como se nada fosse. 

 

Do Brasil - da seleção brasileira, da CBF -, só tenho pena.

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publicado às 21:41

A Copa das Copas.

por Aline, em 22.06.14

Já estamos quase no fim da segunda jornada da fase de grupos e esta tem sido, conforme prometido, a Copa das Copas.

 

Este tem sido o Mundial das mil e uma surpresas, desde a desgraça das campeãs Espanha e Inglaterra aos delírios da Costa Rica e da Colômbia, passando pelos jogos de mesmice do Irão e da Grécia (que, vá lá, não é propriamente surpresa), pela infelicidade que é ver o Brasil jogar como se comprar árbitros fosse o suficiente para ganhar jogos, e pela tragédia refletida na cara de todos na esplanada quando Portugal levou quatro golos contra a Alemanha.

 

Para mim, esta Copa trouxe algo novo: uma vontade verdadeira de apoiar a seleção portuguesa. Nunca foi mistério para ninguém que a minha preferência no futebol vai para o Brasil, porque lá o futebol é um jeito de viver e também, de certa forma, porque os portugueses têm mau ganhar e mau perder. Mas, quem diria, o CR7 com quem tanto embirrei durante todos estes anos convenceu-me que, desta vez, Portugal iria saber vencer. Vamos, Portugal!

 

Não, não estou no Brasil. Mas, para quem - como eu - quer acompanhar a Copa do jeitinho brasileiro, aqui vão os melhores canais para seguir o Mundial: Desimpedidos e Impedimento.

 

#nãovaitercopa vs #vaitercopasim

 

Os protestos também prosseguem e os dias de grandes jogos são dias de manifestações nas cidades-sede. Já foram feitas dezenas de detenções por várias cidades mas o furor dos manifestantes tem sido controlado o suficiente para não agourar nem a festa, nem a validade das suas reivindicações.

 

O Brasil continua sem bons hospitais, sem educação de qualidade, só temos polícia a trabalhar dignamente quando há estrangeiros na parada e os políticos continuam a esfregar as mãos enquanto o dinheiro do investimento nos mega-eventos vai para os seus bolsos. E, no entanto, continuamos a amar o nosso país e a apoiar este grande evento que, a bem ou a mal, mostra ao mundo que estamos aí para ficar.

 

Para terminar, uma pequena nota sobre o orgulho de ser brasileiro - de um texto do qual discordo nalgumas coisas, mas que pode explicar muito.

 

"Uma pequena digressão, caro manifestante: recentemente entrevistei o antropólogo Roberto DaMatta, um pensador de 74 anos que tem como missão de vida entender a nós, brasileiros. Ao conversar sobre a Copa do Mundo, eu disse ao professor DaMatta que, desde criança, sinto uma emoção profunda cada vez que vejo os jogadores da seleção brasileira cantando o hino nacional. Me esforcei para confessar para o intelectual que muitas vezes essa emoção inexplicável e piegas – que vem do meu mais profundo âmago – me faz chorar.

 

O sábio professor olhou para mim com doçura e disse que eu não precisava me envergonhar, pois ele também sentia essa mesma comoção. “Nos emocionamos porque achamos que, como povo e país, não valemos nada”, ele disse. E continuou: “No fundo, nos vemos como um país atrasado e insignificante. Nossa autoestima é muito baixa. Não gostamos de nós mesmos. Mas eis que, no futebol, encontramos uma possibilidade única de redenção. Nesse quesito, nossa grandeza é reconhecida. O mundo se ajoelha diante de nós. Não somos uma escória e, redimidos, choramos”."

 

in Revista Trip

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publicado às 18:14


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