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Dos dias que passam longe da prátria amada, quando já se é quase mais de cá do que de lá. "I'm a legal alien".
É fácil apaixonar-se pelo Marcelo Camelo, a sua voz de açúcar e um violão que toca do fundo do coração. Sem ser possível resistir ao encanto com que nos envolve, nada mais nos resta do que deixarmo-nos seduzir pelo doce e pelo amor que ele emana por todos os poros, querendo ser Mallus e viver no conto de fadas que ele compõe a cada canção.
A declaração de amor mais linda do mundo.
Às vezes eu só quero descansar
Desacreditar no espelho
Ver o sol se pôr vermelho
Acho graça
Que isso sempre foi assim
Mas você me chama pro mundo
E me faz sair do fundo de onde eu tô
De novo
Em dezasseis anos, só um dos nossos primos nos tinha vindo visitar, acompanhando a minha avó. Mas isso foi há muito, muito tempo, quando ainda não podíamos ir longe e o frio do Inverno nos mantinha demasiado tempo dentro de casa.
Desta vez foi diferente. Dezasseis anos depois, elas vieram e chegaram no esplendor do verão. Andando em matilha por aqui e acolá (está no sangue), passeamos e perambulamos e aproveitamos tudo o que havia para viver, pé na estrada, câmara na mão, telefone sempre a postos porque o contacto com a mamãe não é para se perder. Mostramo-lhes um pouco de cá como bons portugueses que já somos, mas sentindo-nos em essência um pouco mais perto do nosso Rio - entre rimas, risos e rios de cumplicidade.
E foi isto que tornou o meu verão quentinho - de dentro para fora.
Desde que os meus pais voltaram para o Brasil, toda a gente me pergunta o que é que ainda estou a fazer em Portugal. Não é de um dia para o outro que se faz uma mudança destas - até porque não estaria propriamente a ir para o desconhecido, não há a aventura nem o friozinho na barriga de deixar a vida me levar.
Posto isto, fica aqui uma lista de pequenos privilégios que fazem da vida em Portugal menos dolorosa do que no Brasil.
1. Atravessar calmamente nas passadeiras.
Não sei até que ponto os portugueses têm noção do privilégio que é poder atravessar uma rua sem esperas nem correrias. No Rio, o risco de morte é igual quer atravesses dentro ou fora de uma passadeira, e o mesmo se passa com o tempo de espera para atravessar as ruas mega movimentadas. Isto quando há passadeiras. O que salva é que no Centro há mais semáforos.
2. 4M.
E tudo o que envolve as linhas da madrugada da STCP. Primeiro, por existirem. Segundo, por terem horários certos. Terceiro, por ser possível - leia-se seguro - apanhar um autocarro à noite sem temer pela vida. Quarto, por ser possível chegar a casa com o MP3 ligado e não ter que olhar à volta paranoicamente antes de tirar a chave da carteira e pô-la na fechadura. Ponto extra: tudo isto com um passe.
3. Saldos.
Não que não os haja no Brasil, mas o facto é que a roupa lá é cara com ou sem descontos. Não há H&M, Stradivarius nem Pull & Bear. Nem saldos como os da Zara e da Mango. Nem preciso citar as lojas da Baixa com roupa em segunda mão a 3 euros...
4. Concertos.
Os festivais de Verão em Portugal são bons, bonitos e baratos. O clima é ameno, o cartaz é porreiro e a maioria das pessoas à tua volta também é pobre como tu. Pode-se dizer o mesmo dos concertos em geral, que por cá são acessíveis a qualquer alma que deixe de comprar Cheetos/chiclas durante um mês. Do outro lado do oceano é tudo caro. Além de que nunca ouvi falar de festivais de Verão no Brasil além do de Salvador (que é carnavalesco, e portanto não conta).
5. Low cost.
Isto parece snob, mas a verdade é que não se vai do Rio para Madrid por 30 euros. Nem do Rio para Paris por 60 euros. Nem do Rio para Londres por 85 euros. Nem do Rio para Berlim por 100 euros. Simplesmente não se vai.
Podia continuar a lista com mais meia dúzia de coisas (gin a 3 euros, bacalhau com natas, comunicações baratas, centros de saúde com médicos competentes, etc), mas acho que mesmo com exemplos supérfluos já dá para perceber que ficar por cá não é assim tão mau. É claro que nada disto me impede realmente de ir para o Rio (apesar de fazer a minha vida um pouco mais miserável do que a que tenho no Porto).
O que me prende são as raízes.
5 coisas que não tenho no Brasil (+ o que realmente me prende a Portugal). Uma Beca de Rebeca, 21 de agosto de 2013.
Bom demais.
Deliciem-se, viciem e convençam-no a voltar a Portugal, por favor.
sen·su·a·li·zar
1. Excitar aos prazeres dos sentidos.
2. Dar caráter sensual a.
Não sei se haverá muitos verbos tão brasileiros como este. Nem que apareçam tantas vezes em títulos de sites de famosos.
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